"Crescem montanhas de terra onde antes havia dois vales com ribeiras
Data: 23-04-2008
A população da freguesia da Fajã da Ovelha vai ter que riscar do mapa parte do percurso de duas ribeiras. Em causa está a construção da via expresso Raposeira-Ponta do Pargo, que está a estrangular os cursos de água e já fez desapareceu os leitos.
As linhas de água que corriam a céu aberto no sítio das Faias deixaram de se ver. O caudal da ribeira está afunilado por uma estrutura totalmente coberta de betão armado, cujas dimensões começam já a ser motivo de conversa e de preocupação entre a população.
No lugar dos dois vales por onde corria a água, está a nascer um aterro das escavações circundantes, sendo perfeitamente visível os milhares de metros cúbicos de inertes ali depositados.
A razão desta profunda transformação da paisagem deve-se às obras necessárias à construção da via expresso entre a Raposeira e a Ponta do Pargo, que passa justamente neste ponto. O estreitamento e o afunilamento das ribeiras é por demais evidente verificando-se, por essa via, uma clara alteração do seu traçado.
O DIÁRIO apurou que o Governo Regional preteriu a hipótese de construir uma ponte e optou por subir o nível das ribeiras até à cota da antiga estrada regional, de acesso ao Paul do Mar. Assim, o tráfego automóvel far-se-à, naquele troço, através de um túnel. Sobre o actual aterro, será ainda executada uma plataforma giratória (rotunda), a partir da qual se fará a entrada e saída de e para a via expresso.
Presidente da Junta lamenta
José Luís de Sousa, presidente da Junta de Freguesia da Fajã da Ovelha e um acérrimo defensor do Ambiente, quando confrontado sobre o aterro, hesitou por momentos na resposta. No entanto, não escondeu o seu desagrado por ver já alterada a paisagem. "Olhe teve de ser...", lamentou, acrescentando que "os ribeirinhos até não costumam trazer muita água e quando aquilo estiver pronto vai ficar tudo ajardinado".
O autarca prefere olhar para o desenvolvimento da sua terra e ignorar os transtornos ambientais. "Já ouvi dizer que depois da rotunda estar concluída vai nascer uma bomba de gasolina. Isso também é importante para gente", referiu.
Governo confirma
A secretaria Regional do Equipamento Social, dona da obra, fez chegar a confirmação de que "já se encontram concluídos os trabalhos de canalização do ribeiro ali existente e o aterro encontra-se em fase adiantada de execução". A tutela do Governo Regional acrescenta ainda que haverá ainda uma "passagem hidráulica com a finalidade de permitir o aterro da zona para a execução da rotunda das Faias", constituindo uma das ligações da nova à rede viária existente."
3 comentários:
Faltou ouvir a Quercus... era bom saber a opinião da Idalina Perestrelo ou do Herder Spinola.
Os que fazem a obra querem la saber da natureza, enchem a ribeira porque pra eles é só lucro, funciona como aterro e não têm de pagar nada pra deitar as terras no aterro municipal.
No futuro vamos ver o resultado desta e de outras feitas pela lei no menor esforço e do maior lucro...
Concordo com o Osvaldo nas suas afirmações, realmente é a lei do menor esforço e do maior lucro.
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